Liderança é Coração é Paixão!

Liderar é encorajar corações, é inspiração. Liderança é relacionamento, arte que demanda envolvimento, entrega pessoal; liderança não é uma equação matemática, é emoção, envolve gente, envolve coração e mente.

O líder precisa inspirar seus liderados, incentivar e orientar, assumindo o papel de exemplo, de condução, e para isso precisa conquistar a confiança do time, conquistar autoridade junto ao seu time, engajando pessoas a serem cada dia pessoas melhores, profissionais melhores, com resultados melhores, notadamente através do respeito e da admiração, pois aquele que admira respeita.

“Existem apenas duas maneiras de influenciar o comportamento humano: você pode manipular ou inspirar.” Simon Sinek

Mas, se a introdução deste artigo estiver coerente, por que será que ainda verificamos em pleno século 21, uma quantidade ainda expressiva de “líderes” que utilizam-se de ferramentas não tão dignas e modernas como as supracitadas, e que fazem do carro chefe de sua forma de gestão, procedimentos que “motivam” seus liderados através do medo, de ameaças veladas ou explícitas, transformando a bela arte de liderança em arte de amedrontar corações, esse “lideres” na verdade são apenas chefes, mandam através da força e não da autoridade .

A verdadeira liderança é atitude, é ação, não é imposição.

Não podemos aceitar isso, nunca o tema liderança e gestão de times esteve tão em alta, assunto que vem sendo abordado incansavelmente por escritores, professores, lideres, empresários, em artigos, livros, cursos, Mbas, palestras, videos no YouTube, podcast, enfim temos a nossa disposição milhares de ferramentas para o desenvolvimento da liderança, de uma forma nunca vista antes.

Mesmo assim o mundo está carente de líderes, daqueles que sabem gerir a diversidade dentro de um time e promover a competência de seus liderados, cada um com suas potencialidades, que usa da inteligência emocional para lidar com pessoas, que tem competências sociais para compreender as relações interpessoais, lidar com os desacordos e para gerir conflitos.

Lideres de verdade tem em seu portfólio a regra de ouro para a liderança bem sucedida, a aplicação do principio “trate os outros como gostarias de ser tratado”, dessa forma a chance de errar é muito pequena. Um grande líder trata os liderados com respeito em todos os momentos, porque é um sinal de que você respeita as pessoas.

O uso do chicote, objeto muito utilizado nos primórdios como ferramenta de “incentivo” ao trabalho, tem, mesmo que simbolicamente, voltado às mãos de alguns coronéis de algumas empresas atuais. Retornando a triste origem da palavra trabalho, que originada do vocábulo latino “Tripallium” remetia o mesmo a um instrumento de tortura, portanto àquela época trabalhar era o mesmo que ser torturado, punido.

Mário Sérgio Cortella, escreveu no brilhante livro Qual é a tua obra; “A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra”, ou seja, o trabalho não é um castigo, o trabalho é uma obra, algo valioso a ser realizado, independente de qual função ou setor, e deve ser feito com toda dedicação, comprometimento, engajamento para realização de algo maior, não apenas cumprir uma tarefa.

“A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra” Mario Sergio Cortella

Existe uma enorme diferença, muitas vezes de forma quase imperceptível que diferem os verdadeiros líderes, daqueles que são apenas superiores hierárquicos. O Líder inspira e encoraja sua equipe, para juntos buscarem o atingimento de um objetivo comum, ou seja, sonham o mesmo sonho, realizam grandes resultados, grandes conquistas para o time e a empresa.

O Líder inspira e encoraja sua equipe, para juntos buscarem o atingimento de um objetivo comum, ou seja, sonham o mesmo sonho, realizam grandes resultados, grandes conquistas para o time e a empresa. Dimas Alcantara

Entretanto, o chefe muitas vezes aterroriza, coloca medo, “incentiva” através de ameaças, produzindo enorme frustração, desconforto, muitas vezes enterrando vários sonhos e projetos, ou ainda destruindo carreiras que eram ou poderiam ser brilhantes, e pior, ainda promovem o adoecimento dos funcionários, e mesmo que por um tempo curto conquistem resultados, os mesmos não serão sustentáveis.  

A tirania troca o pluralismo de instituições concorrentes pelo chefe absoluto. Troca a responsabilidade pelo terror…… Ela pode até produzir bens e serviços, mas só o faz de forma espasmódica, dispendiosa, num nível inferior, e a um enorme custo de sofrimento, humilhação e frustração”. Peter Drucker 

Para que os liderados tenham confiança em seus líderes, se faz necessárias, dentre várias qualidades, uma que entendo ser vital para qualquer relacionamento de confiança, que é a lealdade, porém infelizmente, o que percebemos ainda numa parcela do nosso mundo corporativo é que essa palavra lealdade, aliada ao companheirismo e união, estão cada dia mais ausentes, fico me perguntando onde foram parar os seres humanos que construíram nossas grandes empresas. Será que se tornaram apenas máquinas, matrículas, números? 

Mas, infelizmente, o que vivemos nos últimos anos no mundo corporativo, tem feito com que muitos profissionais percam a motivação. Há tanto desrespeito, humilhação, deslealdade e indiferença com o corpo funcional, que me parece que, como foi dito acima, o tempo do chicote retornou, imperando a gestão através do medo, da pressão descabida, onde o sentido do trabalho, tão falado por profissionais de primeira linha, está cada dia menos importando. 

A culpa é das empresas? Talvez sim, mas temos que refletir, uma vez que “as empresas” são formadas pelas pessoas que lá trabalham, vemos colegas destratando colegas, desrespeitos constantes, um sobejo de obrigações e uma enxurrada de demandas a serem cumpridas,  e concomitante a isso, cada dia menos mão de obra  e estrutura disponível para que seja ao menos factível atender às mesmas, vemos muitos olhos para mandar e controlar, e poucas mãos disponíveis a labuta, funcionários que até ontem sofriam na gestão da escassez, portanto vivenciavam isso tudo, de repente crescem na empresa e se tornam chefes, se tornam do dia para noite, humilhadores dos subordinados, ligam cobrando sobre um pedestal que os empoderam de tal forma que tratam, seus pares de ontem, como completos idiotas, incompetentes e sem história. Baseado única e exclusivamente no poder de estar ao lado do poder. O funcionário que ontem era bom, no outro dia não serve mais?

O mundo mudou, as pessoas mudaram, vivemos a era digital, a quarta grande revolução industrial, os profissionais de alta performance devem apresentar algumas características que são:

  • Conhecimento Especializado
  • Inteligência Emocional
  • Ações focadas

Além disso os alta performance precisam ter uma paixão produtiva, um entusiasmo, um engajamento muito grande em realizar, em inovar, em conquistar, em vencer, vivendo aquele senso de pertencimento, que tem um incrível poder motivacional.

Os líderes verdadeiros que são competentes e que sabem conduzir seu time, sendo verdadeiramente formadores de novos lideres, atuando como coach, são admirados e respeitados por suas equipes, muitos se empenham ainda mais em busca de resultados, para valorizar o líder que tem, é uma estrada de mão dupla, isso é relacionamento.

“100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios. Simon Sinek

Quantas coisas precisam mudar em algumas empresas para que realmente estejam em bons trilhos, que proporcione sustentabilidade de sucesso, talvez a primeira delas é entender verdadeiramente, que os problemas devem sair debaixo do tapete e serem efetivamente tratados, e de preferencia com a participação de todos.

Nos preocupamos muito com mudanças (externas) e muito pouco com transformações (internas), muito com o que aparece do que com o que realmente é, muito com o “faz ai que algum ego precisa ser afagado”, “faz ai que alguém mandou”, “ faça ai se você tiver juízo e medo”, passe por cima de seus princípios ou não, o que importa é alguém ver feito, isso é coisa do século passado, os profissionais precisam de propósito, que é tão bem retratado na teoria do Círculo Dourado de Simon Sinek, que divide hierarquicamente três questões, abaixo retratadas na foto. Segundo Simon, os líderes e organizações que nos inspiram tem um elemento em comum: todos pensam, agem e comunicam de dentro para fora do círculo.

O Círculo Dourado de Simon Sinek

Portanto, lideres inspiradores começam de dentro para fora, iniciam sempre pelo propósito, qual o motivo de fazer o que fazemos, ou seja colocam causas a frente de tudo, em seguida discutem estrategicamente como fazer para alcançar o propósito, e finalmente o quê fazer para alcançar o propósito.

“Pessoas não compram o que você faz. Elas compram o porquê você faz.” Simon Sinek

Drucker afirmou que a gestão é uma atividade humana, portanto acreditava que a gestão deve se concentrar na satisfação das necessidades do ser humano na sociedade, tanto que ao perguntarem qual é o nosso negócio, ele respondia que o mesmo surge de um ser humano e depende das interações entre seres humanos, em qualquer setor.  

A esperança nos ensina que nenhum mar resiste àquele que marcha em direção dele, portanto com muita fé, muita confiança no trabalho, as pessoas continuarão lutando, notadamente aqueles que tem como projeto principal a transformação das vidas das pessoas, pois a lei da semeadura nunca falha, o que você planta, você colhe, mesmo que muitas vezes joguem veneno na sua plantação, mesmo que muitas vezes digam para você que não é capaz de fazer, devemos acreditar que podemos, ou seja, que podemos sim mudar o mundo, não viemos para esse mundo para sermos gafanhotos, viemos para sermos matadores de gigantes, gigantes da injustiça, gigantes da deslealdade e gigantes dos mais diversos desafios que temos pela frente.

Sem jamais abrir mão dos princípios e valores, continuaremos a caminhar, enquanto houver paixão por novos sonhos e projetos, enquanto garra e perseverança navegarem nas veias de bravos guerreiros, vamos lutar, assim com foi dito a muitos e muitos anos atrás por Lao Tse, o rio atinge seus objetivos, porque aprendeu a contornar obstáculos.  

“O rio atinge seus objetivos, porque aprendeu a contornar obstáculos.” Lao Tse

Podemos fazer muito mais do que fazemos usualmente se tivermos o estímulo correto, olhando sempre para as pessoas não somente pelos resultados que apresentam, mas principalmente pelo potencial inexplorado que carregam dentro de si, e assim desbloqueando potenciais, promovendo rupturas de padrões comportamentais, e de liderança (Vide Bernardinho em sua entrevista ao final da Olimpíada do Rio, onde teve que adaptar seu modo de gerir pessoas, ao seu novo time, um time moderno que não aceitava o grito como motivação), com isso podemos maximizar desempenhos, podemos formar novos líderes, e transformar verdadeiramente as empresas do país e criar um verdadeiro ambiente saudável de trabalho. 

Essa constatação do fantástico técnico Bernardinho, nos faz recordar que os profissionais de outrora, que em seu tempo eram incentivados por uma forma de abordagem, são diferentes dos atuais profissionais, e que o fardo organizacional com incansáveis reuniões, teleconferências diárias, e  ligações de cobranças uma atrás da outra não são motivadores, os atuais gestores querem efetivamente gerir suas unidades de trabalho, e diferente do que alguns chefes imaginam, são seres pensantes que não precisam de um superior “Tele-sena” que cobra de hora em hora os objetivos e resultados que sabemos e buscamos minuto a minuto. Isso só atrapalha, assim como o mercado evoluiu, precisamos evoluir a forma de interação com, repito, seres pensantes.   

O Escritor Timothy Gallwey, em seu livro The Inner Game – A essência do jogo interior, considerado por muitos o pai do coaching, disse que é preciso haver uma revolução na maneira de pensar sobre o trabalho. O Trabalho tem sido equiparado e medido apenas por metas e resultados de desempenho. Mas, na verdade ele tem dois outros objetivos importantes para os profissionais que exercem suas funções e as organizações. O que aprende durante o trabalho, aumenta a capacidade das pessoas e automaticamente melhora sua performance. Prazer é também uma parte importante de qualquer atividade. A recompensa não pode ser apenas dinheiro, deve haver sim Mobilidade, que é a capacidade de mover-se em direção aos resultados, em um meio, de modo gratificante. O tripé Aprendizado, Prazer e Performance precisa ser equilibrado, sob o risco de criarmos um ciclo que não será sustentável.

Já Renato Ricci, autor de diversos livros entre eles Liderando na Crise e Dare to be Different, entende que quando em uma Gestão Estratégica balanceamos corretamente o aprendizado natural, que acontece através de nossas experiências cotidianas e de forma prazerosa, o resultado é alta performance. Uma alta performance diferente, com menos estresse, com crescimento interno e competitividade sadia. A organização passa a ser um centro de aprendizado. As organizações de sucesso são aquelas que pensam fora do modelo tradicional, aquelas que ousam criar em seu ambiente de trabalho uma atmosfera balanceada e inteligente, que propicie o desenvolvimento de seus talentos e também diminua as suas interferências, sejam elas internas ou externas.

Peter Druker, anteriormente citado neste artigo e que dispensa apresentações, esperava que as grandes organizações industriais proporcionassem aos seus funcionários um ambiente onde houvesse comunhão de princípios e exercícios de cidadania, dotando a vida deles de significado e propósitos. Tratam-se de organizações que ajudam a mudar para melhor a vida das pessoas a quem servem e que, ao fazer isso, garantem um alto nível de comunhão, cidadania e significado para empregados e voluntários

O inconformismo e a insatisfação são fatos geradores da transformação, e o ato de sonhar é a busca constante por melhorias, vivemos buscando por dias melhores, com um mundo corporativo mais digno, mais humanizado, onde o respeito e a preocupação com as pessoas sejam realmente verdadeiras, e não somente para fazer um Endo marketing falso e totalmente sem credibilidade, sonhamos com Executivos e Gestores que tenham em seu leque de argumentos e estratégias um propósito maior, muito mais importante do que ameaças e estratégias manjadas do tipo “aperta que faz”, reuniões que sejam realmente proveitosas e que não sejam motivo de chacotas nos corredores, pois são repetitivas e sem novidade alguma, somente como forma de pressão e de talvez demonstrar que aqueles que as fazem, realizam algum trabalho, enfim estamos carentes de líderes, porque de chefes o mundo está cheio. 

Vamos gerar novos líderes, partindo do princípio que lideres formam Novoa lideres.

É um sonho bem ousado, desafiador, entretanto totalmente factível, e quanto mais ousado for o desafio, melhores serão as vitórias.

“Um sonho ousado só é irreal para as pessoas que não ousam acreditar neles; mas pessoas de valor e coragem acreditam nos próprios sonhos, porque, para elas sonhos ousados são desafios que podem se tornar reais, desde que obstinada e incansavelmente perseguidos por uma vontade forte e determinada.” Dr Damásio de Jesus

E aí vamos mudar o mundo?

Vamos começar por nós mesmos e multiplicar essa idéia.                                     

Dimas Alcantara

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