Neurofinanças – O cérebro no processo de tomada de decisões financeiras

É muito comum ouvirmos que todas as pessoas, os agentes econômicos, que trabalham com economia e finanças, ou apenas fazem a gestão de suas próprias finanças, são totalmente racionais, e que todos os conhecimentos que adquirem são teóricos e partem do pressuposto de estudos matemáticos e técnicos.

Mas é importante lembrar que não somos seres humanos totalmente racionais que fazemos sempre o que é mais vantajoso, após analisar racionalmente todos os pormenores para assim tomar a decisão correta. Nos somos seres emocionais, e por isso, esse modo da economia tradicional de enxergar os agentes econômicos vem mudando, através do avanço dos estudos da Neuroeconomia, que eu prefiro chamar de neurofinanças.

A neuroeconomia, estuda a área de finanças comportamentais relacionadas à inteligência emocional de cada pessoa, pois entendem que as decisões que são tomadas relacionadas ao âmbito financeiro, são feitas a partir do comportamento e motivações psicológicas. Saiba mais sobre a seguir sobre os temas abordados:

  • O que são finanças comportamentais?
  • O cérebro humano – aspectos psicológicos e comportamentais
  • Heurísticas e Vieses
  • Homo Economicus e o Homo Neuroeconomicus – Teoria das finanças tradicional e as finanças comportamentais

O que são finanças comportamentais?

A área de finanças comportamentais é aplicada e estudada para entender todas as decisões que o ser-humano toma quando se trata sobre dinheiro, mercado financeiro, economia e investimentos em geral, ou seja as finanças comportamentais tem ligação direta com a psicologia e a análise do comportamento humano.

Partindo do entendimento que as escolhas e decisões são influenciadas por toda a bagagem cultural e comportamental das pessoas, portanto, as emoções tem forte influencia no comportamento financeiro, excluindo a possibilidade que uma pessoa trabalha somente através da razão, assim como diz a teoria da economia tradicional conhecida como Homo Economicus.

Estudos de base psicológica indicam que na economia, há comportamentos pessoais que podem ser contraditórios, e assim é possível comprovar e englobar os aspectos emocionais humanos nas ciências econômicas, como preconiza a teoria das finanças comportamentais e o  Homo Neuroeconomicus.

Esse estudo começou a ser reconhecido somente na década de 70, a partir de pesquisas sobre o sistema nervoso central e teorias comportamentais relacionadas a finanças. Ou seja, para entender um pouco mais sobre, é necessário entender a complexidade psicológica.

O cérebro humano – aspectos psicológicos e comportamentais

As finanças comportamentais e seus estudos feitos a partir de tecnologia sofisticada acreditam que é possível entender a química cerebral e suas mudanças, além de todas as decisões tomadas, a partir de funções psicológicas.

Elas podem ser variadas por conta da complexidade humana e todos os perfis existentes, porém é possível estudar todos os equívocos lógicos cometidos, mesmo que não possamos percebê-los diariamente.

Ou seja, nosso cérebro nos engana muitas vezes, e é possível entender mais sobre isso através do estudo de dois grupos, os vieses e as heurísticas, que representam atalhos e padrões criados por nossos cérebros.

Heurísticas e vieses 

Heurísticas e vieses são atalhos mentais que nos ajudam em facilitar nossas tomadas de decisão. A heurística é um conjunto de estratégias e respostas adequadas, que podem ser tanto boas quanto imperfeitas, conhecidas como regras de bolso por serem facilmente acessadas.

Essas heurísticas e vieses comportamentais são inerentes ao ser-humano, porém podem nos levar a utilizar vieses, que são formas violadoras de nossas racionalidade, que distorcem as decisões racionais que tomamos ou poderíamos ter tomado.

Ou seja, os vieses são as falhas nas definições de limites que impomos quando traçamos estratégias heurísticas, fazendo com que a nossa escolha nem sempre seja e melhor de todas em certo momento. Conheça alguma das heurísticas e dos vieses abaixo.

Heurística

  • Representatividade
  • Disponibilidade
  • Ancoragem e ajustamento

Heurística da representatividade – Esse elemento ajuda na caracterização e classificação de coisas, pessoas, locais e objetos a partir da semelhanças e pré-julgamento dos mesmos, ou seja, informações recentes interferem nas decisões, transferindo para o futuro algo que aconteceu na atualidade. 

Ou seja, os investidores projetam para o futuro aquilo que vem observando recentemente, por exemplo se a bolsa de valores está subindo a algum tempo há a tendência de que os investidores entendam que isso é o que ocorrerá amanhã, não tomando decisões baseadas em dados, e sim em algo que está presente na memoria do investidor, bolsa subindo. 

Esse equivoco também age em situações e criação de um estereótipo, por exemplo uma pessoa que tem tatuagens é presa por algum crime, logo um estereótipo é aplicado, e as pessoas com tatuagens passam a ser figuradas como possíveis criminosos, mesmo que no fim, não faça sentido, pois não revela quase nada sobre o indivíduo e seu interior, não passando de algo desinteligente. 

Heurística da Disponibilidade – Chamada também de Lei dos Números Pequenos, ela tende a generalizar casos a partir de poucas amostras, que acabam não representando um todo de uma situação em si.

Por conta dela, as pessoas acabam se influenciado a partir de somente uma única história, do que ao invés se basear em outros elementos relacionados a grandes números de provas e estatísticas.

Heurística de Ancoragem e Ajustamento – É a dificuldade de modificar todos os julgamentos iniciais que uma pessoa possui, mesmo que ela receba novas informações relacionadas aos casos. Ou seja, ela segue padrões mentais que não são funcionais.

A exposição prévia a uma informação conduz as pessoas a considerá-las fortemente na tomada de decisões ou na formulação de estimativas, independente de sua relevância para o que é decidido ou estimado.

Essa heurística pode corresponder a julgamentos e ajustamentos em cima de incertezas e estimativas equivocadas.

Vieses

  • Viés do Excesso de Confiança
  • Viés do Status Quo
  • Viés da Ilusão de Controle
  • Viés do Otimismo
  • Viés da Informação
  • Viés do Excesso de Confiança

Viés do Excesso de Confiança – Tende a levar uma pessoa a confiar cegamente em tudo o que pensa, conhece e acredita, fazendo com que subestime qualquer indivíduo ou possível acontecimento.

Viés do Status Quo – Esse viés faz com que a pessoa prefira se manter em uma situação que já está, mais cômoda, mesmo que outras propostas melhores cheguem, pois possui essa segurança.

Viés da Ilusão de Controle – É uma reação sobre o medo em relação a incertezas, principalmente em investimentos. As pessoas que pensam que têm controle em certas situações, mas na verdade, não têm, porém, confiam em suas previsões.

Viés do Otimismo – O viés do otimismo ajuda a subestimar qualquer problema que pode ocorrer em uma situação da vida, mesmo que ela seja muito propícia.

Viés da Informação – Às vezes buscar informação demais pode atrapalhar nossas decisões, pois há mais conteúdos que não agregam nenhum valor ou mesmo têm sentido. Procure boas fontes e que te tragam a real segurança sempre.

Homo Economicus e o Homo Neuroeconomicus – teoria finanças tradicional e as finanças comportamentais

Como pudemos entender, a teoria do Homo Economicus define que todos os investidores são 100% racionais, diferente da teoria das finanças comportamentais, do Homo Neuroconomicus, na qual enxerga falhas e padrões mentais como em qualquer ser-humano.

Antes, o Homo Economicus era um ponto central no mundo das finanças, porém hoje ele é balanceado com a neuroeconomia e finanças comportamentais, que estudam a inteligência emocional do ser e como ele funciona.

O importante em todos esses estudos é saber incorporar todos os conhecimentos, tanto racionais como emocionais, reconhecer padrões e erros a serem ajustados e prestar atenção nas neurofinanças, racionalidade e em sua inteligência emocional.

Algo que influencia de forma relevante toda a gestão financeira, as tomadas de decisões e todas as atitudes vinculadas ao dinheiro. 

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